sábado, 11 de julho de 2015

Era só preguiça ...

              A luz forte batia na janela do meu quarto. Eram três da tarde e eu nem se quer sai da cama. Tudo se resumia em preguiça. Preguiça de sorrir pras pessoas, de dar bom dia no ponto de ônibus, de me mover na multidão. Preguiça de viver a vida bastarda que me é imposta. Preguiça de me relacionar com qualquer ser vivo existente,com castigo de ser esquartejado pelo meu medo sanguinário. Eu só não queria me levantar e ter que andar por ai vazia de mim, vazia de olhares reais,vazia de pessoas reais.
             Me levanto e fecho as janelas, dou adeus a luz ardente do meio da tarde e me abro a repleta escuridão do meu quarto. Ali, eu estava bem. Sem ninguém, sem problemas, sem nada. A vida batia na minha porta e dizia pra eu continuar, mas eu nem me dava o esforço de me levantar e mandava a vida ir pastar. Mandei também ela procurar sua turma, aqueles que por fim aturam as suas malandragem, sem nem sequer se revoltar com isso. Eu me revoltei. 
             Sorrisos e olhares falsos me encheram e me esvaziaram ao mesmo tempo. Me encheram de tédio e me esvaziaram de vontade. Vontade de me levantar da cama e de presenciar ainda mais tédio. A gota da gota d'agua já tinha derramado e meu copo de tao cheio não suportou. Enfim,era só preguiça.Era só falta de vontade.Pois a amarga vida me sugou como uma sangue suga sedenta por sangue. 
              Já eram três da tarde e desde a noite passada eu não pregava os olhos. Engano de quem pensava que eu dormia tanto. Não era sono que me prendia na cama. Era falta. Falta de saco pra aturar qualquer pessoa ou fazer qualquer coisa que não fosse me esconder nas pilhas de lenções.
              A minha cama sempre me pareceu um lugar confiável. E é nela, que eu pretendo ficar.