terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Bobo.

Foi o sorriso bobo.

Aquele que eu dei pela primeira vez,

por um impulso de insensatez,

que identificou que nada mais se poderia fazer.

 

Não importavam as palavras ditas

e nem escritas de negação,

pois o rosto já não atuava bem a dissimulação. 


E o olhar?

Este era difícil de corromper.

E eu, de resolvida

me vi tão envolvida,

que precisei me render.

 

E tive que perceber,

que daqui pra frente

o brilho só seria perdido ao fechar dos olhos

para o encontrar dos lábios.

E que desse movimento

outros sentimentos

seriam emanados por todos os lados.

 

Foi em cada enroscar dos dedos,

a cada pulsar da pele,

que nada mais se fazia superficial.

 

Mas, o que eu não esperava

era que o sentir vulnerável

se demonstraria favorável

a tudo aquilo

que o destino queria promover.

 

Sendo ele tão insistente,

não se cansava de repetir,

que uma chance

era o suficiente

para não me arrepender.

 

A felicidade estava posta a mesa,

da entrada a sobremesa.

E eu,

faminta por anos,

me deliciei sobre a certeza que não voltaria atrás.

 

Foi o sorriso bobo,

eu retomo.

E te tomo

da sua vida

para embaraçar nas confusões da minha.

Pedindo licença ao destino

para te fazer sentir

tudo aquilo que você me faz.



(Escrito em julho de 2022)

Pensamentos Intrusivos

Já ouviu falar naquele sentimento que temos no alto de uma montanha? 

De querer sem mais nem menos se jogar de maneira inconsequente? 

É assim que me sinto perto de você. 

Quando você me olha e me beija...

 Eu penso em me jogar. 

Quando você segura as minhas mãos e tenta me conquistar...

Eu penso em escorregar. 

Porém, uma parte de mim resiste. 

Assim como resistimos no alto de um prédio enorme. 

Pois as consequências serão as mesmas. 

Se eu for em queda livre, 

o sofrimento no fim é certeiro. 

Os ferimentos incontáveis serão igualmente dolorosos. 

Se eu me jogar, 

nada me dará a certeza que irei sobreviver. 

Mas te beijado, 

te abraçando e te olhando assim...

 Não sei por quanto tempo permanecerei apenas na beirada.

E não sei como agir para, no alto dessa montanha que é sentir, encontrar maneiras de, não só cair, 

mas de voar até você.



(Escrito em junho de 2022)