terça-feira, 28 de dezembro de 2021

I wanted to read your thoughts...

"Eu tenho medo de te perder". 

Pensava eu olhando para tela do meu celular. Aguardando aquela mensagem que nunca viria. 

"Mas como se perde aquilo que nunca foi nosso?" Dizia uma voz no meu subconsciente. 

Era impossível. 

Mesmo assim, sigo tendo medo. 

Medo de que, enquanto me faço ausente, esperando que sinta a minha falta, você esqueça de mim de uma vez. 

Só que não posso mais tentar. Na verdade, não sei mais o que eu tenho tentado. 

Me fazer presente em sua vida a força me pareceu sempre um erro. 

Nunca soube o que de fato eu conseguia despertar em ti. 

Saudade? Só despertei em mim mesma. À todo momento.

Saudades suas e, principalmente, saudades minhas. De quem um dia eu fui sem conhecer a beleza do teu rosto.

Não digo que eu era melhor antes. Provavelmente não. Apenas um pouco mais resistente. 

Minha antiga eu, antes de ti, talvez soubesse algum conselho para me dar. Só que você chegou e eu não consigo recordar de nada que ela teria me dito.

Uma bagunça. 

Foi o que aconteceu. 

Você conseguiu pegar a minha vida e vira-la de ponta cabeça tão facialmente. Nem parecia que eu tinha ficado anos botando cada móvel no lugar.

Hoje eu me deito na desorganização. É complicado tocar no que você mexeu.

E o medo? Ainda esta aqui. Sentado no sofá. Não sei o que faço com ele.

"Ah se eu pudesse ler seus pensamentos". Vem mais uma voz a me dizer.

Penso que poderia funcionar. 

A frustração, na minha cabeça, é dada como certa. Seria, contudo, melhor que qualquer dúvida que eu já adotei.

Expectativas? Minhas. Todas minhas. Essa culpa eu não poderei deixar de carregar.

Porém, por instantes, eu pensei que não estivesse só. 

Não, eu não quero pena e nem favores. Desculpe se essas linhas deixaram alguma margem para esse entendimento.

Esses são apenas versos de quem esteve acompanhada pelo medo. Mas que aprendeu a conviver com o silêncio da boca e do pensar. 

Eu não posso ler seus pensamentos. Todavia, ainda posso controlar os meus. 

E ao longe, ouço uma última voz, quase um sussurro, dizendo...

"Despeja o medo e vá viver"

È, acho que vai ser melhor assim.

domingo, 26 de dezembro de 2021

Imagine...

Acho que nunca disse isso, mas eu sempre quis morrer. 

Bom, não sempre. 

Quando se é criança, você quase não pensa nisso. A morte meio que te é negada. 

Os adultos fazem com que ela seja menos dolorosa e próxima do que realmente é. 

E como uma boa criança, eu gostava desses meus dias em que eu não sabia da existência dela.

Nessa época, tudo ainda era multicolorido. 

Minhas brincadeiras e mundos imaginários me carregavam e me enchiam de felicidade.

Foi aos nove anos, no entanto, que eu quis morrer pela primeira vez. 

Eu não via assim, na verdade. 

O sentimento era de querer sumir. Deixar de existir. Sendo o óbito, basicamente , seu sinônimo. 

Motivos? Eu juro que eu tinha. 

Era muito jovem para passar por isso. 

Eu quis um jeito diferente de morrer, enquanto, inconscientemente, suplicava a morte. 

Aí foi onde eu precisei sobreviver pela primeira vez. 

Anos se passaram e fui vivendo bem. 

Só que na adolescência, foi difícil. 

Eu descobri outras formas de querer o extermínio. 

Eram mais situações que eu não deveria passar, misturadas com desespero e tragédias.

Você deve estar pensando em dramas adolescentes. Cheios de exageros de uma pessoa com pouco tempo de vida. 

E eu gostaria de, nesse instante, olhar no fundo dos teus olhos e lhe dizer que tudo foi apenas um grande drama. 

Mas aprendi que mentiras desse tamanho te assombram a noite.  

Ainda acredito que fui forte muitas vezes nesse período. Porém, efetivamente, foi onde eu mais quis a inexistência.

Superando qualquer expectativa, eu consegui deixar isso para trás...

...

Tudo bem. Isso é uma falácia. 

Nada foi deixado para trás. 

E eu nunca fiz terapia para superar. 

Arrisco dizer que talvez tenha apenas fingindo que nenhum desses problemas de fato tenham existido. 

... 

Mas, enfim. 

Mesmo assim, eu comecei a entender que o perecimento não resolveria nada. 

Na verdade, resolveria. 

Mas apenas para mim. E essa não é a questão. 

Eu sumiria juntamente com cada pedrinha de dor. Deixaria, contudo, pedras enormes para quem ficasse. 

E mesmo que viver seja um fardo que, muitas vezes, eu já desejei não carregar. Não posso resolver pesando o fardo daqueles que me amam.

Então, a força, eu aprendi a viver.

Aprendi a não querer o decesso. 

Eu resolvi tentar por todos aqueles que me sorriem de volta e estão do meu lado, para, às vezes, carregar um pouco desse fardo comigo. 

Vivi bem por um tempo. 

Busquei soluções melhores. Passei por momentos incríveis. 

Enchi alguns de orgulho. 

Decepcionei outros. 

Passei por tempestades. 

Busquei a resiliência. 

Fui feliz. 

Fui triste.

Amei. 

Me machuquei. 

Vivi a vida como ela é. 

Mas hoje. Nesse momento. Enquanto você lê cada uma dessas linhas. 

Imagine que o meu fardo desabou.

E eu não sei se quero carrega-lo de novo.



domingo, 26 de setembro de 2021

So I left...

Sabia que eu sempre quis ficar?

Eu queria ficar do seu lado na primeira vez que eu te vi, para, pelo menos, conseguir trocar mais de duas palavras. 

(Ai, se eu tivesse mais lúcida aquele dia, sobraria mais espaço pra me embriagar de você)

Eu queria ficar no nosso primeiro encontro pra ver você por mais tempo se atrapalhando na cozinha e olhando pra mim com aquela carinha de bom moço. 

(E, felizmente, não era só o rosto)

Eu queria ficar naquela viagem que eu aceitei sem pensar muito nas consequências que o desconhecido poderia me trazer. 

(Porém, era um desconhecido com você, eu não poderia perder)

Eu queria ficar depois daquela minha volta pra sua casa em que meu celular foi esquecido por engano. 

(Parecia até o acaso dizendo que a intenção era permanecer)

Eu queria ficar. 

Eu teria ficado se você dissesse que eu poderia.

Eu sempre quis ficar, sabia?

Mas você não quis. 

Então eu parti.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Time doesn't return...

São anos se passando...


Vários por do sóis perdidos e da minha varada vejo um horizonte sem você. Foram tempos ignorando a solidão, o silêncio do seu vazio. Tentei não enlouquecer com a sua ausência. Falei sozinha por dias. Chorava ao mesmo tempo que sorria lembrando do seu toque sobre mim. Tentei ser a única. Fracassei em ser o seu novo e derradeiro amor. Caminhei quilômetros para me despedir e seu adeus foi tão doloroso quanto perde-lo para a morte. Nunca mais pude te ver, nem por segundos, e isso me consumiu por meses. Demorei para me recompor, mas encontrei uma fórmula de viver sem sua presença.


Ainda são anos se passando...


Porém, mesmo assim, você esteve em meus sonhos recentes. Torci para você inconscientemente lembrar de mim. Peguei aquelas últimas musicas da sua playlist e quis que fossem sobre nós. A superação é sempre desmontada após ouvir sua voz. Pareço perdida por querer que você de algum modo me queira também. Sou tola por achar que existe a gente em algum futuro próximo quando sempre foi só você. Você em si mesmo tem o poder de me despertar qualquer sentimento, mas prefere que eu não sinta nada.


E o tempo nunca para...


Hoje eu olho sua foto e sei que não irá voltar. Não para mim. Para o pseudo nós que fomos por tão poucos meses. Você vê em mim nada para além dos seus olhos. Eu vejo você com o maior amor que poderia sentir.  Mas as contas nunca irão bater. Por isso, sua ausência se fez necessária. Não poderia te ver sem me despedaçar por dentro. Preferi a dúvida de não saber como anda o seu futuro do que ter a certeza de que não estarei mais nele. A gente poderia ter sido mais do que fomos, mas fomos apenas o que poderíamos ser. 


E não existe mais volta para o tempo que deixamos passar...