segunda-feira, 31 de julho de 2017

Você e ela.

          Eu não queria que você fosse tão apegado a ela. Nem que ela soubesse mais sobre você do que eu poderia imaginar algum dia. Eu desejaria que ela não existisse e não te completasse dessa maneira. Vocês fazem um belo casal e eu, nitidamente, nunca faria parte disso. Vê-los de mãos dadas feriu o meu coração, me fez querer perder os olhos. Mas o que eu poderia fazer? Lutar contra os fatos seria dar socos ao vento, mesmo que cada cena fosse um soco no meu peito.
            Você pode não perceber e nem mesmo concordar comigo, mas o seu olhar ao pronunciar o nome dela sempre foi revelador. São histórias em demasia para serem trocadas dessa maneira, eu não o culpo. Só suplicaria pela não existência dela. Talvez seja egoísmo da minha parte querer somente a minha felicidade em prol do sofrimento alheio, porém não tem escapatória. Ou eu sofro, ou ela sofre. Pena que eu sempre fiz mais amizades com meus sofrimentos.
           Não quero que escapem da sua boca palavras bonitas, pois ainda que encantadoras, elas não deixariam de arder sobre a minha pele. Só a verdade pode me aliviar. E mesmo que eu trabalhe bem nos maiores espetáculos, dessas suas próximas cenas eu me abstenho. Agora estarei na plateia, sem aplausos e nem vaias, apenas olhando de longe o papel que nunca me pertenceu.

Você e ela.
Ambos se encaixam e eu sempre fui a carta fora do baralho ou a peça do quebra cabeça defeituosa. Não completa.

Você e ela.
Ambos se unindo mais em seus caminhos e eu sendo apenas um ponto fora da curva, um desvio na estrada, uma trilha de terra na caminhada.

Você e ela.
Juntos porque separados não fazem tanto sentido. Tentaram mas não conseguiram. Falharam miseravelmente.

E eu?

Eu não faço parte dessa historia, sou apenas um fantasma, uma sombra, uma figurante que desejaria nunca ter subido ao palco.







segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Lamentações...

                   Me sinto só. Apenas isso. Bem-vindo a minha vida solitária. Sozinha: Palavra essa que decifra o que passo diariamente. Dor que em vez de arder,congela,maltrata,corrói. Dor que tira da alma o brilho latente e transformar em obscuro buraco. Sozinha,solidão,só. Apenas isso. Dor profunda. Não existe remédio que cure o que vem de dentro. Não dessa forma. 
                Ando nas ruas e os olhos não me são amigáveis. São como raios que me acuam como um cachorro moribundo com medo do predador. Ando de cabeça baixa, olhando para os meus pequenos passos nessa subida interminável. Ando só, corro só,paro só. Sem companhia,sem ninguém para dar as mãos. Ali as risadas já não fazem mais morada. Elas desistiram depois que em vez de demostrar forte alegria fizeram papel de bobo. Se acuaram, morreram de vergonha e se esconderam de todos, de tudo, de todo o mundo. 
              Durmo sozinha, acordo sozinha,falo sozinha. Minha loucura passou da sua sanidade. Infelizmente as paredes não me respondem, por isso, respondo a mim mesma. Então, dentro do meu quarto predomina-se o som da minha voz, que de tão sozinha se perde no seu próprio eco e se esquece de voltar. Minhas lágrimas caem. A única companhia que me resta são das águas salgadas proveniente da minha dor . Da minha tristeza. Da minha solidão que me absorve diariamente. Me sinto só. Apenas isso. 
                                                                         
                                    FIM  DA LAMENTAÇÃO...

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Ela/Ele

Ela era como manhã de verão.
Ele, noite fria.
Ela era um vendaval.
Ele fraca calmaria.
Ela toda hora estava presente.
Ele de repente sumia.
Ela buscava ser sincera.
Ele por qualquer coisa metia.
Ela sempre teve certeza.
Ele nunca se decidia.

Ela por aí se encontrava.
Ele pelo mundo se perdia.
Ela sempre foi casa.
Ele não tinha ideia para onde ia.
Ela gostava de falar.
Ele fazia que ouvia.
Ela esbanjava felicidade.
Ele nem mesmo sorria.
Ela sonhava acordada.
Ele somente dormia.

Ela o amava com vontade.
Ele nunca soube o que sentia.
Ela ia em sua direção.
Ele apenas fugia.
Ela sempre se mostrava.
Ele só se escondia.
Ela sentia de verdade. 
Ele para todos fingia.
Ela somente o enxergava.
Ele nem se quer a via.

O amor dela era escaldante.
O dele nem fervia.
O carinho dela tinha dono.
O dele nem existia.

Ela enfim desistiu, enquanto ele não se resolvia.
Ela viu que tinha amor de sobra, mas que nele não cabia.



sábado, 14 de janeiro de 2017

Talvez...

      Eu e você. Juntos. Mais uma vez. O meu reflexo em seus olhos diziam tudo. Era a maior cilada da minha noite. Mas você me conhece, eu faço tudo errado.Seu olhar me despia em praça publica e eu não tinha muito o que fazer.Meus pés e mãos estava atados e próximos demais para recuar agora. Sou vulnerável a paixão e isso, claro, você também já sabe. Porém repare,  não disse amor e sim paixão. Sabemos que o amor já se foi. Se retirou um tempo atras, se afogou na lagrimas e partiu. Mas a paixão ainda está viva. Permanece aqui, dentro de mim, Não é de fácil acesso, eu confesso. Mas você sabe como encontrar.
       Tudo começou com um abraço. Seu cheiro, seu perfume e sua pele tiveram um efeito hilariante em mim. Nesse momento foi onde eu me perdi. Existia uma voz na minha cabeça que gritada "FUJA!". Mas quem disse que eu queria fugir? Era tarde demais. A voz desapareceu no mesmo instante que seu rosto foi de encontro ao meu. Sua boca perto dos meus ouvidos me arrepiavam inteira e o fim já estava trassado. O beijo? Foi minha culpa, não posso negar e com certeza você não vai me deixar esquecer. O meu autocontrole também  tirou ferias e eu esqueci de te avisar. Mas e daí? Não há arrependimentos aqui, só sentimento de liberdade.Se eu fiz, foi porque eu estava afim, não é mesmo? Eu quis. Tive vontade. Porque no momento que você estava me olhando eu ficava nervosa como uma criança e a sensação dos seus olhos em meu corpo despertava, aos mesmo tempo, os meus desejos de mulher,
        Enfim, me senti viva outra vez. Não te contei? Foi a melhor sensação que senti em alguns anos. O beijo ainda era doce e macio, como eu me lembrava. Minha memoria sempre esteve em ordem.Seu beijo me despertou de um sono profundo. Ele derreteu o gelo do meu coração que a muito tempo eu estava cultivando.Mas calma, não se apresse. A madame aqui ainda está no controle. No meu controle.
          Então, ao terminar, eu sorri e você me olhou outra vez. Seu olhar de cãozinho pidão devia ser proibido pois não tenho duvidas que ele me trará muitos problemas. Mas você me conhece, eu sou apaixonada. Calma, muita calma nessa hora. Respira e leia com cautela. Dê aquele seu sorriso de canto e entenda: Sou apaixonada pela confusão.
        Na despedida, mais alguns carinhos.Mais abraços e beijos. A essa altura já não havia mais nenhum bloqueio. Eu realmente poderia continuar ali o restante da madrugada. Porém, não podíamos. Cada um tinha uma vida a seguir. Por alguns instantes eu só conseguia pensar em repetir aquela noite, só queria voltar no tempo e reprisa-la até eu me cansar de você. Ou você de mim, o que acontecesse primeiro.Só que não conhecemos os mistérios do tempo e infelizmente, não tenho o poder de controla-lo.
      E como em todo bom e velho filme romântico brega (aqueles em que os protagonistas vivem em eternos desencontros) a noite só poderia terminar com uma daquelas frases bem clichês. Por isso, ao me afastar, olhei para você uma ultima vez e fui embora dizendo: "Talvez eu me lembre de você". E quer realmente saber? Talvez. Depois dessa  noite, talvez eu me lembre.