Eu não
queria que você fosse tão apegado a ela. Nem que ela soubesse mais sobre você
do que eu poderia imaginar algum dia. Eu desejaria que ela não existisse e não
te completasse dessa maneira. Vocês fazem um belo casal e eu, nitidamente,
nunca faria parte disso. Vê-los de mãos dadas feriu o meu coração, me fez
querer perder os olhos. Mas o que eu poderia fazer? Lutar contra os fatos seria
dar socos ao vento, mesmo que cada cena fosse um soco no meu peito.
Você pode
não perceber e nem mesmo concordar comigo, mas o seu olhar ao pronunciar o nome
dela sempre foi revelador. São histórias em demasia para serem trocadas dessa
maneira, eu não o culpo. Só suplicaria pela não existência dela. Talvez seja egoísmo
da minha parte querer somente a minha felicidade em prol do sofrimento alheio, porém
não tem escapatória. Ou eu sofro, ou ela sofre. Pena que eu sempre fiz mais
amizades com meus sofrimentos.
Não quero que
escapem da sua boca palavras bonitas, pois ainda que encantadoras, elas não
deixariam de arder sobre a minha pele. Só a verdade pode me aliviar. E mesmo que
eu trabalhe bem nos maiores espetáculos, dessas suas próximas cenas eu me
abstenho. Agora estarei na plateia, sem aplausos e nem vaias, apenas olhando de
longe o papel que nunca me pertenceu.
Você e ela.
Ambos se encaixam e eu sempre fui a carta fora do baralho ou
a peça do quebra cabeça defeituosa. Não completa.
Você e ela.
Ambos se unindo mais em seus caminhos e eu sendo apenas um ponto
fora da curva, um desvio na estrada, uma trilha de terra na caminhada.
Você e ela.
Juntos porque separados não fazem tanto sentido. Tentaram mas
não conseguiram. Falharam miseravelmente.
E eu?
Eu não faço parte dessa historia, sou apenas um fantasma,
uma sombra, uma figurante que desejaria nunca ter subido ao palco.